GestanteVita é uma prática de doulagem

Thais Barral e Sandra Sisla são as integrantes da GestanteVita, fazem parte daAnep Brasil e participaram do processo de concepção do Clarear. Elas são doulas e conversaram comigo, nesta semana, para partilhar o que fazem no dia-a-dia como membros da equipe do Parto Sem Medo, do Dr. Alberto. Foi um papo regado a pão de queijo quentinho de minas, que aprendi fazer agora com a receita da minha falecida avó, transmitida pela minha mãe e com as mãos das minhas filhas, e cafezinho com muita água, pois o calor nos exige isso. E pra quê falar do pãozinho de queijo e destacar a foto da garrafa de água? Nutrição! Eis, aí, uma das palavras-chave pra entender um pouco o que a Anep proporciona à GestanteVita e vice-versa. Água, pão e café são apenas os símbolos e quantos significados eles ganham quando a gente começa a relacioná-los com o trabalho de doula, que não só proporciona alimento emocional e espiritual para as gestantes como os recebem. É esse vai-e-vem nutritivo e amplo que retrata um pouco da troca necessária no jeito de doular da GestanteVita.falou pra mim sobre o que é doular como membros da GestanteVita. Thais vê seu trabalho como um catalisador de redes, uma tradutora entre a equipe de profissionais e a mulher e responde: a gestantevita é essa língua. Que língua? É uma língua falada pelo sentir que incorpora a espiritualidade, responde ela. Sandra fala com as mãos – ah! como eu queria ser multifuncional e saber gravar, editar e publicar vídeos, pois há certas mensagens que só a imagem com ação são eficientes – mostrando a importância que tem o ambiente nesta linguagem. Ela sempre forma movimentos de contenção. Vejo tanto sinos tibetanos nos movimentos de Sandra e começo a sentir a língua do gestantevita. É uma fala de escuta, olhares, mãos. Poucas palavras, muitos conselhos. Nunca ouvi tantos detalhes como no discurso de Thais, ela é daquelas que nos lembra dos pormenores: a mala do marido, a limpeza dos pratos, o uso da colher e panela durante a quarentena. Thais é pura prática num mundo cheio de teorias, as quais raramente se baseiam em evidências científicas. Sandra é movimento, mãos puras que falam o que sente e escuta com corpo. Ambas, sorriso!

Eu começo a enxergar a GestanteVita como uma prateleira antiga ( não no sentido de velha, mas de sábia) cheia de temperos, alguns empoeirados nomeados em tupi-guarani e outros bastante modernos, escritos em língua estrangeira. Cada temperinho é uma ação, uma prática, um conselho, uma experiência, uma história de casal. É romântico mesmo porque a doulagem, apesar de séria, necessária e útil, também tem esse ar que nos remete aos contos de fada. E o que essa dupla tem de diferente das milhares de doulas do Brasil? Tudo e nada. Quanto mais doula eu conheço, mas eu sinto uma essência única que me remete ao nascimento, porém, nenhuma delas tem uma especifidade comum que possa classificá-las como igual, ou parecidas. Ser doula me parece ser humana… E, por isso, elas são tão essenciais na mudança de cultura necessária para o parto, que anda cada vez mais desumano. Por isso também ando escrevendo tanto sobre elas, tentando convidá-las para um bate-papo virtual, convidando para uma blogagem, visitando quem é possível, enviando mensagens com perguntas, ligando, telefonando, tentando transformar tantos fios de ouro num novelo mágico, que possa acolher todas as grávidas do Brasil. Conheça o Projeto Clarear